sábado, 2 de julho de 2011

Os Fariseus e o Cristianismo.


Os Fariseus e o Cristianismo.
 
Os fariseus buscavam manter a identidade do judaísmo na fidelidade à lei e aos profetas, num momento em que a simpatia pelo humanismo helênico levava muitos a um posicionamento mais liberal. Os fariseus tomaram seu nome da palavra peroukim, que tem o sentido de separados, definindo-os como separadosdos judeus helenizantes, e portanto, também contrários aos saduceus.De acordo com Hoornaert:
Trata-se do grupo religioso que detinha a maior autoridade na sociedade civil. Embora sendo composto em grande parte por sacerdotes, o movimento fariseu se proclamava leigo e defendia a idéia de que todos, e não só ossacerdotes,  eram  chamados  à  santidade  e  à  fidelidade  à  Torá.(HOORNAERT, 1994, p. 60). 
O ideal dos fariseus era a santidade, pela fiel observância da Lei de Moisés, dividida em 613 mandamentos, sendo 248 prescrições e 365 proibições. Como oposição situam-se fora do círculo dos sumos sacerdotes, os quais dependem diretamente dos governantes. São geralmente leigos, nas funções de escribas e rabinos. A influência dos fariseus se estendeu especialmente àssinagogas, modalidade associativa originada nos tempos do cativeiro babilônico, e agora difundida pelas cidades da Palestina e mundo helênico-romano. Os fariseus tiveram algumas influências no Sinédrio, o colegiado mais alto do povo judeu. Muito  mais  que  os  saduceus,  os  fariseus  se  organizavam  em sociedade, precedida de um noviciado, antes da admissão definitiva, de sorte que eles tinham a aspecto de uma sociedade, com caráter de escola religiosa, podendo ter chegado a seis mil membros no tempo de Jesus. Ainda que os escritos cristãos os descrevam com cores negativas, os fariseus representam em todas as épocas, uma categoria religiosa de bom nome, que dava a eles ampla influência popular. Encabeçaram os fariseus a oposição a Jesus, como mostra o trecho bíblico a seguir: 


Os pontífices e os fariseus convocaram o Conselho e disseram: “Quefaremos? Este homem multiplica os milagres. Se o deixarmos proceder assim, todos crerão nele, e os romanos virão e arruinarão a nossa cidade e toda a nação.” Um deles chamado Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano, disse-lhes: “Vós não entendeis nada! Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça toda a nação.” (JOÃO, 11, 47-50).
Jesus tinha os fariseus como hipócritas, conforme mostra o trechoevangélico seguinte:
Enquanto Jesus falava, pediu-lhe um fariseu que fosse jantar em suacompanhia. Ele entrou e pôs-se à mesa. Admirou-se o fariseu de que ele nãose tivesse lavado antes de comer. Disse-lhe o Senhor: “Vós, fariseus, limpais o que está por fora do vaso e do prato, mas o vosso interior está cheio de roubo e maldade! Insensatos! Quem fez o exterior não fez também oconteúdo? Daí antes em esmola o que possuís, e todas as coisas vos serão limpas. “Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de diversas ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus. No entanto, era necessário praticar estas coisas, sem contudo deixar de fazer aquelas outras coisas. “Ai de vós, fariseus, que gostais das primeiras cadeiras nas sinagogas e das saudações nas praças públicas! “Ai de vós, que sois como os sepulcros que não aparecem, e sobre os quais os homens caminham sem o saber.”(LUCAS, 11, 37-44)
A palavra fariseu tinha vários alcances, pois havia segundo o Talmud, sete tipos de fariseus, dos quais um apenas seria bom. Um certo equilíbrio entre o severo e o moderado caracterizou o farisaísmo, o que torna difícil o uso dos termos para qualificar o farisaísmo e avaliá-lo. Referente às doutrinas e às prescrições morais, herdou  o  cristianismo  muito  do  farisaísmo,  com  algumas diferenças essenciais.
Talmud: coleção das leis e tradições rabínicas compiladas em 02 livros pelos doutores hebreus no séc. II.
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Os fariseus no que se refere à doutrina, admitem os livros sagrados daLei (Torá), e também os Profetas, além de valerem das tradições, cujo depósito é oTalmud por eles criado. Mantiveram os Profetas e as tradições como doutrina, a qual desenvolveu após o exílio babilônico, onde tiveram contato com os persas e sua religião, e deles tomaram conhecimento da doutrina sobre os anjos, os demônios, aressurreição, incorporando-as  ao  seu  elenco  doutrinário,  passando-asposteriormente aos cristãos.No que concerne às prescrições legais, foram praticadas com rigor pelos fariseus, como o jejum, a observância do sábado, etc., e também o rigor em relação às prescrições bíblicas de não contaminação com os gentios, levando ascomunidades  judias  fora  da  Palestina  a  viverem isoladas,  em  função  deste nacionalismo religioso apregoado nas sinagogas. Em que pese tudo isto, os fariseus foram mais inovadores que os saduceus, haja vista, que eles procuraram aconversão dos gentios para o judaísmo, o que neste aspecto, tem muita afinidade com o cristianismo. Quando se inicia a pregação cristã fora da Palestina, ela se fez nas sinagogas, e sempre tiveram um caráter fariseu. O contato com as sinagogas e a adesão do fariseu Paulo, fizeram o cristianismo muito mais ritualista do que Jesus poderia imaginar. Os fariseus admitiam alguns aspectos da filosofia helênica, tanto é que Paulo aparenta ser estóico, sobretudo em filosofia moral. Não é de seestranhar que Jesus ataque, sobretudo os fariseus por causa de seu excessivo formalismo. Ele tinha afinidades com o grupo, por isso mesmo se degladiava com ele, tanto é que, o uso de formas literárias simples e imaginosas como as parábolas, por exemplo, eram usadas pelos fariseus e que Jesus também adotou como estilo.
Estoicismo: Doutrina filosófica de Zenão (séc. II a.C.) que pretendia tornar o homem insensível a todos osmales físicos e morais.
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Diz por exemplo o rabino Hillel, do século I a.C.: ‘Aquilo que não queres que te faça, não faças a outro. Esta é toda a lei e o resto é apenas comentário’. Jesus repetiu o mesmo pensamento em forma de mandamento: ‘Tudo o que quereis que os outros vos façam, fazei também por eles; porque esta é a Lei e os Profetas’. (Mateus, 7,12). Não podemos dizer que Jesus era fariseu, mas como quase um fariseu era mestre, ou seja, rabino. Os conhecimentos de Jesus se devem em parte pelasua inteligência acima do vulgar e em parte pela freqüência às sinagogas, nas quais se liam e se explicavam as escrituras, função que era exercida de modo especial pelos fariseus. Daí também as constantes discussões com os fariseus em virtudedas inovações doutrinárias de Jesus.

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